FRUSTRAÇÃO E PSICOMOTRICIDADE
- Larissa Michels
- 8 de mar. de 2020
- 3 min de leitura

No cenário atual da nossa sociedade, o excesso de informação, de metas a serem cumpridas, de padrões à serem alcançados, a frustração se encontra cada vez mais presente, tanto na educação como na vida cotidiana, família, vida social e profissional, um peso que muitos não conseguem carregar. Além desses fatores externos há uma enorme carga de cobranças internas a serem concretizadas, que muitas vezes com a influência externa, também se tornam um fardo.
Isso tudo se torna uma fonte de sentimentos complexos: revolta, desesperança e depressão.
Há desafios, tarefas, planos, sonhos, na vida de qualquer pessoa. Por um lado certas situações podem ser estimulantes, extremamente motivadoras, por outro lado existe a real situação por trás de tudo, nem tudo que queremos, tentamos, nos esforçamos vão sair exatamente da maneira como esperávamos, nos levando à frustração. Sentimento universal da natureza humana.
Segundo Noronha Z. e Noronha M. (1992) quando a criança está motivada para realizar determinado comportamento ou ação, não vai compreender se acontecer algo que a impeça de o fazer, ainda que o motivo seja objetivo e irrefutável. A criança apenas irá pensar no que queria fazer e pode não saber lidar com essa emoção, reagindo de acordo com a sua capacidade de resistência à frustração.
Com isso, confirmamos a importância do trabalho psicomotor nesta perspectiva, o indivíduo desde o nascimento tende a passar por diversas situações que fogem do seu controle e de suas expectativas, necessitando então de um reconhecimento e controle emocional para enfrentar e ressignificar essas situações com aceitação.
Para enfrentar a frustração, devemos viver ela. A criança desde muito cedo precisa enfrentar momentos que as façam passar por limites e frustrações para conseguirem lidar da melhor maneira possível. Acarretando em curto, médio e longo prazo a inteligência emocional necessária para esses momentos de angústia e fazendo com que suas atitudes e pensamentos caminhem de acordo e controlado, sem causar desconfortos e transtornos maiores.
A frustração se torna assim um instrumento educativo de alto valor, porque obriga a criança a superar sua dependência, passividade e egocentrismo dos primeiros anos de vida.³
As vivências relacionais da psicomotricidade, onde os sentimentos e pulsões são colocados para fora de forma orgânica e não-verbal, conseguem trazer ao indivíduo a experiência real e intrínseca desse e de todos os sentimentos mal organizados interiormente. Com a mediação do psicomotricista, a criança se depara com a frustração de maneira lúdica e aprende a lidar com o sentimento vivido, assim se direcionando para a melhor forma de ação-reação-ressignificação.
O papel dos educadores enquanto desenvolvimentistas é de aplicar métodos acessíveis e lúdicos, para que cada criança passe por situações de frustrações, tendo um olhar sensível e especifico para guiar situações e conflitos internos e externos. Trazer acontecimentos comuns à vida cotidiana, adaptá-las para a faixa etária e encaminhar os alunos para o melhor entendimento e reconhecimento de cada situação e suas ações decorrentes.
Alguns exemplos de atividades:
· Atividades competitivas;
· Dinâmicas de auto conhecimento e auto avaliação;
· Discussões sobre padrões, expectativas e como lidar;
· Dinâmicas e Discussões sobre como expor seus descontentamentos para buscar ajuda;
· Ajuda de mídias áudios-visuais para exposição de situações comuns do tema (filmes, vídeos, músicas etc.);
· Criação de diários pessoais e particulares para as crianças externarem suas emoções e sentimentos, tendo o conhecimento do que se passa interiormente.
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Referências:
1- Amaury, MUNIZ. O binômio frustração-agressão e seu significado para o educador.
2- Cristiane Faiad de Moura, 2008. Reação à frustração: construção e validação da medida e proposta de um perfil de reação. Instituto de Psicologia.
3- Ana Ester Cavaleiro Solá, 2014. ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO PARA AJUDAR UMA CRIANÇA DE 3 ANOS A LIDAR COM SITUAÇÕES DE FRUSTRAÇÃO. Universidade do Algarve.
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