GRUPOS SOCIAIS E PSICOMOTRICIDADE
- Larissa Michels
- 16 de mar. de 2020
- 3 min de leitura

Desde a infância a criança se reconhece em um universo social, primeiramente no seu ambiente familiar. Quando vai para escola isso se amplifica e inúmeras novidades surgem no seu aspecto do eu-individual e eu-social.
Nos primeiros anos, as crianças passam pelas fases do desenvolvimento e da aprendizagem onde vão se reconhecendo interiormente e exteriormente, se adequando às novas rotinas, tarefas, comportamentos etc., e ao ambiente no qual faz parte.
Vão pouco a pouco deixando a fase egocêntrica e se aprofundando nas questões relacionais, com professores, colegas de turma e colegas de outras turmas do ambiente escolar. Se criam laços afeitivos e emocionais, o outro agora se torna parte integrante de suas vidas e as influenciam diretamente e indiretamente.
No período da adolescência, o indivíduo se encontra na transição da infância para a vida adulta, busca um aprofundamento maior em relação às suas vontades, características, desejos, uma busca pela independência e desvinculação dependente da cultura da família, se reconhece como um individuo único e cheio de possibilidades, sua ação é aventureira, de auto conhecimento e integração na sociedade. Em tempos pós-modernos, não há mais lugar para o individualismo, e sim uma socialidade que invoca a criação de microgrupos afetuais, “tribos urbanas”, caracterizadas pelo vínculo onde indivíduos se reúnem-afetivamente e se estruturam enquanto grupo por meio de leis instituintes que norteiam o coletivo, visando um objetivo comum. Dentro desta coletividade, o eu é fortalecido e caracterizado por papéis emotivos que cada um desempenha enquanto pertencente à tribo. ¹
O grupo social é o espaço onde o adolescente experimenta confiança, segurança e status, podendo ser a escola, a igreja, os locais para atividades esportivas, entre outros, e são formados a partir de relações estáveis entre os indivíduos que possuem interesses e objetivos em comum. Os amigos cumprem importante papel na vida do adolescente, dando apoio social e emocional, permitindo a manutenção de sua saúde física e mental, prevenindo sentimentos de angústia social e diminuindo os impactos referentes às discórdias familiares.²
A família e a escola precisam se atentar aos benefícios desses grupos sociais mas também cuidar dos problemas decorrentes, emocionais e físicos. Um dos maiores problemas está na má administração social e pessoal em relação à ideia de integrar os grupos, tribos e círculos de amizade. A questão se encontra justamente em um dos objetivos desta vivência, a distância do individuo consigo mesmo, muitas vezes para se encaixar, a pessoa deixa de lado essa aprendizagem e construção intrínseca para se auto conhecer.
Ocorrem pressões familiares, sociais, midiáticos, forçando a socialização e a necessidade de ter e fazer parte de algum grupo, estabelecendo padrões, muitas vezes inalcançáveis, empurrando características normativas e tradicionalistas. Esquecemos que em toda a vida, essas tribos, grupos de amizade e relacionamento devem ser situações naturais, onde realmente, um número de pessoas se identificam e se gostam por ser apenas elas mesmos.
A psicomotricidade tem como objetivo principal essa busca interior, leva a criança, o jovem e o adulto, à auto apreciação, conhecimento de si e de suas vontades, imagem corporal bem estabelecida, e bom convívio social, sabemos que o individuo precisa estar em constante contato consigo mesmo antes de qualquer relação social.
Na escola, a equipe pedagógica precisa estar atenta a ver os alunos como um ser único e desenvolvê-lo, para depois ver um ser social, as duas em curto prazo se desenvolverão juntas da maneira correta. Para intervenções à respeito, se torna necessária a aprendizagem psicomotora completa, e depois metodologias aplicadas em todas as disciplinas de questões reais da vida, de comportamento social, de relação. Pode se fazer dinâmicas de auto conhecimento individual e em grupo, atividades que ajudem à busca por gostos, habilidades, atividades físicas cooperativas e acima de tudo o diálogo aberto e inclusivo sobre quaisquer situações cotidianas.
Trabalhar a psicomotricidade em todas as faixas etárias ajuda na sociedade em geral, faz com que os indivíduos se conheçam e se reconheçam como seres únicos e não façam dos outros um espelho, e sim exemplos, bons e ruins que possam ajudar e agregar na sua vida.
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Referências:
1- Nobréga JF, Nitschke RG, Silva FP, Carraro CAG, Alves C. Um olhar sensível às tribos pós-modernas: cuidando da saúde dos adolescentes no cotidiano. Rev Gaúcha Enferm. 2013;34(3):201-205.
2- 1- Fátima Niemeyer da Rocha, 2017. Escolhas na adolescência: implicações contemporâneas dos grupos sociais e da família. v. 8 n. 2 (2017): Revista Mosaico.
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