IMAGEM CORPORAL E BULLYING
- Larissa Michels
- 26 de fev. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 3 de mar. de 2020

O corpo é o canal de comunicação do indivíduo com o mundo, de acordo com Le Breton (2007), ele é a marca do indivíduo, é o que o distingue dos outros, é o traço mais visível do ser humano.¹
O estudo da imagem corporal vem ganhando espaço pelo modo que tem sido encarado individualmente e pela sociedade. Crianças, jovens, adultos e idosos estão cada vez mais prestando atenção em si mesmo e nos outros. Isso ocorre pela hipervalorização do corpo e sua imagem, onde padrões pré estabelecidos de beleza sugerem que um corpo harmonioso seria um corpo branco, magro ou musculoso, estigmas que vão contra qualquer constatação biológica pois nem todos tem o biotipo para tais características.
Estudar a percepção da imagem corporal de uma pessoa é compreender como ela vê seu corpo, pois, com base no entendimento de Schilder (1999) de que a imagem corporal é o modo como percebemos nossos corpos e os corpos dos outros, é possível considerar tal imagem como elemento motivador para instaurar práticas de bullying na escola.¹
A imagem corporal não é fixa, ela se molda através de experiências, vivências emocionais e motoras onde os individuo sofrem transformações psíquicas e físicas, ela é constituída durante o processo de desenvolvimento humano, é o equilibro entre a maturidade e as funções psicomotoras. É um processo da psicomotricidade, dinâmico, consciente e inconsciente, de sensações, memórias, vivências corporais e emocionais que ajudam na construção da mesma.
A infância é uma fase essencial na vida do sujeito. Esse momento do desenvolvimento humano é a principal etapa para a formação do caráter e afirmação do indivíduo dentro do meio social em que vive. É nessa fase também que pelo fato das referências internas não estarem estabilizadas ainda, que o sujeito procura referenciais externos para justificar suas falhas e qualidades, ou seja, necessita que outro sujeito o ajude a construir uma autoestima positiva.¹
Fatores como a altura, peso e traços corporais não estando totalmente estabelecidos e reconhecidos, fazem com que as crianças busquem formas para se autoafirmar em cima da diversidade do outro, tendo um comportamento totalmente nocivo à saúde emocional e física dos envolvidos. O bullying é uma prática comum, porém não natural, é uma forma de violência onde o agressor fere a vitima de maneira direta ou indireta, repetidamente, ao longo do tempo. Isso ocorre quando esse indivíduo ou grupo intencionalmente inflige ou tenta infligir lesão, causando desconforto a vítima seja por violência física, verbal, gestual ou simplesmente excluindo, ignorando a sua presença no grupo social.
É uma relação na qual há desequilíbrio de poder ou força (assimetria no relacionamento) e o intimidado tem dificuldades em defender-se. O que diferencia o bullying das outras formas de abuso é o fato de ocorrer entre pares. Ações negativas entre pares, repetidas por um período longo de tempo, que ocasionem angústia e dor aos alvos dessas ações.¹
O bullying ocorre principalmente no período do recreio, onde há menor presença de adultos. Onde seriam momentos de descanso e ludicidade podem se tornar momentos angustiantes para as vitimas. Intervenções e recreios guiados podem ser uma solução, fazendo com que essas crianças não sintam desamparadas e tenham maior supervisão durante as práticas, lembrando sempre que são momentos de lazer.
Outras ocasiôes propícias para estes comportamentos são as aulas onde ocorrem o maior uso e vivência corporal, aulas de Educação Física, Dança, Artes, onde a motricidade é constantemente avaliada e observada, crianças menos habilidosas, sem personalidade de liderança, podem vir a serem vitimas. Nesse caso é de extrema importância que os professores criem metodologias e conteúdos onde todos se sintam bem consigo mesmas e saibam lidar e aceitar suas características corporais, lembrando-as sempre que cada corpo possui individualidades e que isso não as fazem menos pra nada e nem ninguém.
O trabalho da psicomotricidade é necessário nesses casos, as crianças precisam desenvolver sua imagem e percepção corporal desde os primeiros dias de vida, fazemos com que a criança se reconheça, se entenda, com ela mesma e com os outros. Déficits nessa área trazem conseqüências para a vida inteira através de dificuldades na aprendizagem durante a vida escolar e na vida social.
A psicomotricidade aborda e desenvolve o emocional-cognitivo-motor para momentos em que a aparência ou comportamentos sejam subestimados por terceiros.
Exemplos de atividades para melhor construção de autoimagem:
· Dinâmicas relacionais: Individuo no ambiente sem uso da comunicação verbal, apenas ele/ambiente/objetos/adulto.
· Atividades em sala com espelhos;
· Atividades onde qualidades sejam evidenciadas;
· Atividades cooperativas: Grupos mistos;
· Conversas guiadas sobre inteligências e habilidades múltiplas.
· Conversas e atividades sobre diversidade, etc.
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Referência:
SILVA, Saskia e CAMINHA, Iraquitan. DESEMPENHO MOTOR, IMAGEM CORPORAL E BULLYING ESCOLAR.
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