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MATERIAL, EDUCAÇÃO E PSICOMOTRICIDADE


Os materiais/brinquedos a serem utilizados, tanto nas escolas quanto nas casas das crianças sempre geraram um leque de discussões em relação às suas importâncias, funcionalidades, segurança, praticidade etc.


A criança desde o seu nascimento entra em contato com objetos, depois do contato humano familiar, são os objetos que entram em cena, no seu primeiro contato físico com formas, tamanhos, pesos, cores, sons e texturas.


Lapierre e Aucouturier (1974) defendem que é principalmente através do mundo dos objetos e pela estimulação percetiva (visual, tátil, motora) que estes fornecem ao indivíduo, que se potencia a aquisição de noções fundamentais e o desenvolvimento da inteligência. É pois a partir desta exploração que o indivíduo aprende a organizar o seu próprio corpo, ampliando progressivamente o seu espaço de investimento e desenvolvendo em simultâneo aprendizagens motoras essenciais como a locomoção e a preensão.¹


Lapierre e Lapierre (2005) referem os objetos como mediadores da relação, desde o início do processo natural do desenvolvimento. Inicialmente utilizados como mediadores do contacto, os objetos preenchem o espaço entre os dois corpos, permitindo sentir o corpo do outro, os seus gestos, tensões tónicas bem como transmitir também as suas, servindo assim como mediadores da comunicação.¹


Nos processos de desenvolvimento e aprendizagem a importância e funcionalidade dos materiais são indiscutíveis, são através deles que as crianças se posicionam, se movimentam, se relacionam, criam vínculos e sustentam seus aprendizados.


Através deles, fixos no ambiente, ou em movimentação livre, faz com que a motivação do lúdico se alie às possibilidades de seu uso.


É preciso se atentar às características físicas e na simbologia envolvida em cada um, pois principalmente se tratando de estimulação psicomotora, é crucial o conhecimento destes.


Por exemplo, na prática da psicomotricidade relacional, dá-se preferência a materiais de fácil utilização e que possibilitem diversas formas de utilização, promovendo assim o jogo espontâneo e as produções simbólicas. Vecchiato (1989, p. 35) reforça ainda que o “material mais adaptado às sessões de psicomotricidade relacional é o material simples, cujo valor cultural é pouco evidente” que forma a não influenciar a espontaneidade na sua utilização.¹


Lapierre e Aucouturier (1974) defendem que é através da experimentação de contrastes e das comparações e associações que o indivíduo estabelece entre eles, que assimila conceitos e descobre um mundo mais complexo, entre os quais: noções de intensidade (quente/frio; ruído/silêncio; forte/fraco; pesado/leve; muito/pouco; escuro/claro; móvel/imóvel; duro/mole; grave/agudo; rugoso/liso; cheio/vazio), grandeza (grande/pequeno; largo/estreito; longo/curto; alto/baixo; gordo/magro; longe/perto), velocidade (rápido/lento), orientação e direção (atrás/frente; em cima/em baixo; direita/esquerda; vertical/horizontal; orientação circular), situação (dentro/fora; entre) e relação (dar/receber; calmo/agitado; esperança/desespero; alegre/triste), conceitos essenciais para o desenvolvimento cognitivo.¹


Com isso sabemos que cada material pode trazer situações e vivências motoras, mentais e afetivas, pela simples manipulação espontânea do mesmo, cada criança consegue transparecer habilidades, dificuldades, sentimentos e estabelecer contato por intermédio do material.


O material na educação precisa ser pensado, planejado, observado em uso e mediado pelos professores responsáveis. Eles são uma das ferramentas mais importantes no processo de ensino aprendizagem!


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Referência:

1- Ana Lídia Silva Martins, 2015. Práticas, Contextos e Materiais dos Psicomotricistas Portugueses. Universidade de Lisboa Faculdade de Motricidade Humana.

 
 
 

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