PSICOMOTRICIDADE E A AGRESSIVIDADE
- Larissa Michels
- 23 de fev. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 3 de mar. de 2020

A psicomotricidade tem um papel muito importante na organização psíquica infantil, onde as sessões relacionais que envolvem o brincar livre e espontâneo fazem com que a criança tenha acesso a sua agressividade primária e entenda seus processos e sua atuação no mundo externo de forma lúdica e fictícia.
“O jogo tende à repetição de estados de consciência penosos, não para conservá-los na qualidade de dolorosos, mas sim para torná-los suportáveis.” (FERREIRA & HEINSIUS, 2009).
Muitos projetos educacionais, sociais e clínicos se apoiam no instrumental lúdico, por meio do jogo, da arte e da brincadeira como estratégias de metalinguagem para atingir uma comunicação que possa ajudar as crianças e aos jovens a se reconhecerem como cidadãos e a se sentirem fazendo parte de uma comunidade da qual ele pode ser um agente transformador.¹
O exercício da agressividade é fundamental para a inserção do sujeito nos seus direitos: pedir, reclamar, reivindicar e exigir são apelos necessários para buscar a compensação, o retorno, a satisfação daquilo que se deseja.¹
As crianças pequenas que ainda não falam usam da agressividade para mostrar quando não gostam de algo, se jogam no chão, gritam, se negam a fazer algo. E é comum acontecer por volta dos 2 aos 3 anos de idade, depois disso o esperado é que esses descontentamentos sejam mediados pelo uso do diálogo. A linguagem substitui a ação.
As crianças pequenas conseguem compreender as palavras ‘bom’ e ‘mau’. A agressividade faz parte das expressões lúdicas, as brincadeiras de super-heróis, de guerra, levam a criança a exercitar e entender sua agressividade de forma genuína e lúdica. Se isso for proibido ou punido, ela pode desenvolver sintomas fóbicos e se tornar uma pessoa inibida e angustiada, características daquelas crianças excessivamente obedientes, que expressam sua agressividade de maneira velada.
Os pontos principais a serem observados para o melhor entendimento dos processos de agressividade e para futuras metodologias a serem utilizadas são: a intensidade, frequência e situações onde ocorrem. Muitas vezes a agressividade frequente e exagerada pode vir a ser diagnosticada como TOD, o Transtorno Opositivo-Desafiador, algo muito sério, onde a agressividade está presente em TODAS as situações vividas pela criança. Neste caso a criança necessita de um acompanhamento mais especifico.
Casos que também precisam de um cuidado especial são onde os comportamentos agressivos são reflexos de maus-tratos, sejam físicos ou psicológicos, onde ela apenas repetem a experiência, muitas vezes com os adultos, com outras crianças, objetos e até com elas mesmas.
Deixar de comer é uma forma de agredir-se a si mesma buscando com isso agredir ao outro que se preocupa com a alimentação da criança. Da mesma forma, mais tarde, repetir o ano escolar para um adolescente pode representar uma estratégia de agredir aos pais, vivendo um fracasso pessoal. Pode-se dizer que a criança que agride a si mesma, agride a imagem do outro que traz dentro de si. O Eu, nesse momento, é o outro. De certa forma, agredir a si mesmo equivale a agredir o outro.¹
Quando essa agressão vai sendo cada vez mais infligida sobre si mesma podem ser constatadas formas de exclusão (isolamento), perdas e/ou destruição contínua de seus pertences e até ferindo-se regularmente.¹
Tendo o conhecimento de que a agressividade é constituinte e constitutiva da mente humana, o importante é refletir sobre como reduzimos os danos para o indivíduo e para a convivência social no geral.
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Referências:
FERREIRA, Carlos Alberto de Mattos & HEINSIUS, Ana Maria (ORGS). Psicomotricidade na Saúde. Rio de Janeiro: WAK EDITORA, 2009.¹
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