PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL
- Larissa Michels
- 12 de mar. de 2020
- 3 min de leitura

A psicomotricidade relacional, diferente da funcional na qual é mais técnica, tem seu foco na motricidade da relação, valorizando a afetividade e os aspectos emocionais. Ela utiliza de métodos não diretos, onde o jogo e o brincar são as ferramentas para a representação, imaginação e criatividade. Acontece em um espaço fechado, lúdico com materiais específicos, fazendo com que a criança possa exteriorizar suas emoções e se relacionar com o ambiente, com objetos e com outras pessoas.
Lapierre foi o criador do método com fundamentação na teoria de Wallon, teve como sua base a comunicação não-verbal enfatizando ainda mais as relações através das questões emocionais e afetivas, individualmente e socialmente.
Henri Wallon (1971) diz que o movimento humano surge das emoções, que a criança é pura emoção durante uma longa fase de sua vida. A afetividade compreende o estado de ânimo ou humor, os sentimentos, as emoções, as paixões, e reflete sempre a capacidade de experimentar sentimentos e emoções. O modo de relação do indivíduo com a vida se dá através da tonalidade de ânimo em que a pessoa perceberá o mundo e a realidade. Direta ou indiretamente, a afetividade exerce profunda influência sobre o pensamento e sobre toda a conduta do indivíduo.²
A sessão de psicomotricidade relacional pode ser utilizada como prevenção, manutenção e terapia, a vivência acontece por meio dos jogos simbólicos e brincadeiras espontâneas. Dando espaço para a criança ter liberdade decidindo o que fazer e como fazer.
O psicomotricista em um local fechado e seguro disponibiliza materiais específicos de acordo com seu objetivo, e se entrega à vivência tanto quanto as crianças, se coloca nas situações corporais, como facilitador e mediador de atitudes para observação de reações, diagnóstico e intervenção futura de acordo com cada pulsão e emoção externalizada pela criança. Neste momento o psicomotricista consegue ter uma visão ampla sobre as suas vivências relacionais, podendo ajudar, compreender e estimular diferentes processos pelos quais ela passa.
Ao final da sessão é importante que a criança participe da representação, momento no qual ele registra o que viveu; isto permite que ele volte à realidade, inicie o processo de elaboração e interiorização daquilo que foi expresso para organizar-se cognitivamente. Em alguns momentos, torna-se importante o momento de relaxamento, em que a criança precisará parar para regular sua atividade e realidade.³
Esta prática permite à criança entrar em contato com ela mesma e liberar seus desejos, prazeres, medos, ansiedades, comunicar-se consigo mesma e perceber o prazer de estar vivo. O objeto de estudo são as relações do indivíduo, em qualquer faixa etária, com o mundo social, emocional, psicológico. Para tanto, utiliza-se a expressão não verbal, produzida pelo corpo inserido nestas relações, o que fica claro no discurso de Vieira; Batista; Lapierre (2005, p. 44) quando colocam que é por meio de “vivências corporais, que vamos nos apropriando da realidade para pouco a pouco, ir construindo progressivamente nosso modo singular de estabelecer relações”.³
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Referências:
1- Fernando Soares Machado, 2010. PSICOMOTRICIDADE: DA PRÁTICA FUNCIONAL À VIVENCIADA. Em extensão, Uberlândia. v.9 n.1 p, 33-45.
2- Andrea Esberard Teixeira, 2009. A IMPLEMENTAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE NAS ATIVIDADES FUNCIONAIS. INSTITUTO A VEZ DO MESTRE.
3- Fabiane Diniz Oliveira Silva, 2010. PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL NA ESCOLA INFANTIL TRADICIONAL. Em Extensão, Uberlândia, v. 9, n. 1, p. 19-32.
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