SAÚDE MENTAL E PSICOMOTRICIDADE

A Saúde Mental, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS; World Health Organization - WHO), refere-se a uma ampla gama de atividades, direta ou indiretamente relacionadas com o bem-estar mental, incluindo-se na definição de saúde dada pela mesma organização: "Saúde é um estado de completo desenvolvimento físico, mental e bem-estar social e não meramente a ausência de doença ou enfermidade" (cit. in WHO, 2011). Define-se como um estado de satisfação em que cada indivíduo percebe o seu próprio potencial, consegue lidar com as pressões normais da vida, pode trabalhar de forma produtiva e frutífera e é capaz de dar um contributo para a sua comunidade.²

Aproximadamente 50% das perturbações mentais acontecem antes dos 14 anos de idade, a infância segue sendo a principal fase da vida em diversas questões, quando todas as funções do corpo humano e experiências sociais são descobertas e vivenciadas.

A imagem corporal, o esquema corporal e a inteligência emocional definem a configuração interna de contato com os próprios sentimentos, e de contato com o mundo externo. Tendo a consciência corporal necessária, o indivíduo consegue se organizar e lidar com as reais percepções dos acontecimentos de sua vida, obtendo o controle para identificar seu mal-estar e enfrentá-lo com segurança.

Diante o exposto, torna-se inteligível, portanto, que o uso do corpo, referendado pelo enfoque epistêmico da psicomotricidade, como instrumento de comunicação, auxilia não somente a organização do sujeito em relação a seu sofrimento psíquico, mas o coloca numa posição ativa, na medida em que lhe confere sua condição de cidadania, que ultrapassa a normalização, devolvendo-lhe seu estatuto pluridimensional inerente a todo ser humano, seja ele, ser biológico, social, psicológico, cultural e espiritual no exercício de sua liberdade de ser o que se é.¹

A psicomotricidade abre espaço para o indivíduo obter a vivência completa de suas emoções e condições comportamentais, internamente, com o ambiente e com outros indivíduos. Se reconhecendo, se entendendo e podendo ter contato íntimo com quaisquer conflitos existentes no seu ser.

Em suma, a intervenção psicomotora utiliza o corpo como mediador da relação entre a criança e o técnico e onde as crianças manifestam os seus conflitos internos através da expressão motora, sendo que esta expressão tem de ser compreendida e dirigida pelo técnico de forma a desbloquear tensões (Rodrigues, Martins & Rodrigues, 2003).²

Mais uma vez se observa a extrema importância do desenvolvimento conjunto entre o corpo e a mente, onde os dois se comunicam e se aliam para a devida organização saudável da vivência humana completa.

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Referências:

1- Kelly Moreira de Albuquerque, 2018. DIÁLOGOS ENTRE PSICOMOTRICIDADE E SAÚDE MENTAL: USO DO CORPO COMO PROPOSTA TERAPÊUTICA DIÁLOGOS ENTRE PSICOMOTOR Y SALUD MENTAL: EL USO DEL CUERPO COMO PROPUESTA TERAPÊUTICA. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental, ISSN 1984-2147, Florianópolis, V. 2, n.4-5, p.178 – 189.

2- Cláudia Sofia das Dores Murteira , 2014. PSICOMOTRICIDADE EM SAÚDE MENTAL INFANTIL NO CENTRO DOUTOR JOÃO DOS SANTOS – CASA DA PRAIA. Ramo de Aprofundamento das Competências Profissionais – 2012/2013.